Diary by way2col4u |
Eu amo-o. Desde o primeiro instante, desde a primeira vez.
Será que ele ainda se lembra da primeira vez que nos vimos?
Hoje releio todas
as tuas páginas e denoto como nunca escrevi sobre ele. Porquê? Não sei. Talvez
o quisesse só para mim, todas as nossas memórias guardadas só para mim, todos
os nossos momentos. Quero-o só para mim...tenho a certeza disso, ele é a minha
pequena obscessão, o meu “guilty pleasure”. E ele diz que é meu, posso fazer
com ele o que quiser e no entanto, não faço nada...Não consigo...Tenho medo...Lembro-me
tão bem de todas as vezes em que atirei o meu corpo sobre a cama e pensei
nisso.
Sabes, ainda sinto a presença dele e o seu olhar pousado em
mim de todas as vezes que me seguiu e sei que lá no fundo isso sempre me
protegeu. Gostava de lhe ler os pensamentos e saber se ele pensa em mim
assim...se ainda se lembra daquela noite.
Tinha chegado à cidade e estava completamente perdida, há
dias que não me alimentava. A cidade à noite é assustadora. As sombras dos carros
que dançam nas paredes, os candeeiros que piscam sem parar, a chuva que embate
constamente nos caixotes do lixo. Não me sentia em casa. Estava numa daquelas
noites em que mais nada me importava e se tivesse morrido (como se fosse
possível), seria apenas menos uma.
Depois ele apareceu, afugentou os mendigos que vieram na
minha direcção e ajudou-me a entrar no carro, levando-me para a sua casa. Tenho
a certeza que não percebeu porque estava fraca ou porque quase não lhe dirigi a
palavra. Era estranho alguém estar a tratar-me tão bem. Mas na manhã seguinte
ele já não me viu.
O que sobrou daquela
noite, para ele, foi um pouco de nada. Mas para mim, sobrou o modo inocente
como dormia, o toque da sua pele, a suavidade dos seus cabelos...Naquela noite,
soube imediatamente que não podia ficar perto dele, seria demasiado perigoso
para nós, por mais que sentisse que ele
seria um anjo da guarda.
A partir dessa noite, comecei a vê-lo em todo o lado onde
ia. Sei que ele assistiu à minha primeira morte aqui. Não queria companheiros, nunca
quis, queria apenas alimentar-me e isso descansou-o. Não queria construir um
exército de vampiros, queria apenas existir, sobreviver aqui.Ele ajudou-me.
Comecei a existir para ele e isso bastava-me.
Nunca quis que ele se aproximasse, mas também não queria que
fosse embora. Havia uma razão para me alimentar todos os dias, para reconstruir
a minha vida aqui. Imagino que ele pensava em mim, todos os dias, mesmo que não
fosse pelas melhores razões. Havia um laço ténue entre nós. Uma espécie de amor
que se alimentava todas as noites e que se desvanecia todas as manhãs...
Ele não podia aproximar-se demasiado. Mas sei que queria
ver-me. Senti-o durante várias noites do lado de fora da minha janela. Às
vezes, quando não vinha eu passava pelo seu apartamento e ali estava ele, no
computador. Ele sabia das minhas visitas, porque o cão escondia-se no meio das suas pernas e ele
sorria.
No entanto, nunca levantou os olhos para me olhar directamente até à
primeira vez que me entrou em casa e me aproximei demasiado. Foi a noite em que
soube que não consigo controlar certos impulsos e que o que ele despertou em
mim foi muito mais que desejo por sangue, despertou amor. Eu amo-o. Eu amo-o. Eu amo-o.
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